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Diferenças entre Umbanda e Candomblé

Publicado em 10/06/2018

Diferenças entre Umbanda e Candomblé

Umbanda e Candomblé, apesar de possuírem alguns elementos em comum, como o culto aos Orixás e a utilização de atabaques, são religiões absolutamente distintas.

Que esta diferença seja acompanhada pelo respeito e por fazer entender e praticar os rituais e fundamentos inerentes a cada uma delas. O respeito começa exatamente em não utilizar os seus elementos sem conhecimento e sem preparo.

Existem pretensões em unir as duas crenças, causando uma verdadeira descaracterização de ambas.

A umbanda e o Candomblé possuem seus próprios fundamentos e ritos e é inconcebível um Pai de Santo da Umbanda fazer raspagem e bori, dar iniciação no Candomblé a uma pessoa ou dar-lhe o título de Babalorixá. Assim como é inimaginável (apesar de existir casos, infelizmente), a realização de rituais de Candomblé com "entidades" de Umbanda no comando, para uma suposta iniciação na Umbanda.

As diferenças básicas entre Umbanda e Candomblé, são:

A Umbanda é uma religião brasileira, fundamentada em 1908 pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas através do seu médium Zélio Fernandino de Moraes, que se utiliza de elementos de várias religiões, como o espiritismo, catolicismo, africanismo e crença indígena.

O Candomblé, (apesar da forma com que conhecemos exista apenas no Brasil), é oriundo da junção das nações trazidas da África pelos escravos. Nações significam de onde aquela raiz africana é provinda, de que região da Àfrica veio, pois a Africa é um continente divido por muitos dialetos e várias culturas diferentes. As Nações mais comuns aqui no Brasil são KETU, ANGOLA, JEJE, AFON. A partir destas nações surgiram outras, mas estas são as principais.

Ou seja, tratam-se de cultos Africanos, dedicados aos Orixás, Nkises e Voduns (Ketu, Angola e Jeje). Dessa maneira, as cantigas, os rituais, as rezas e oferendas, são as mesmas utilizadas pelos ancestrais africanos outrora.

A Umbanda trabalha com espíritos, os quais são chamados de guias. São entidades que trabalham na energia do Orixá. São falanges de Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Baianos, Boiadeiros, Ciganos, Marinheiros, Exus e Pombagiras. São essas as entidades que comandam a gira, que realizam os amacis, batismo, cruzamentos, etc. Além disso, tais entidades, dão passes, realizam curas, descarregos, falam e se utilizam de elementos como o fumo e o álcool.

No Candomblé não existe a manifestação de espíritos. Nessa Religião, os espíritos são chamados de Eguns, e são excluídos das chamadas rodas (existem algumas casas que possuem o fundamento de Baba Egungun, ritual onde se manifesta os ancestrais). Todavia, o que se manifesta nas sessões de Candomblé são as energias dos Orixás. Tais energias fazem com que o iniciado, chamado de Iyaô entre em "transe". Todavia, esse "transe" é bem diferente da chamada incorporação existente na Umbanda. Além disso, o iniciado quando manifestado pelo Orixá apenas dança seu ritmo. Não fala, não fuma, não bebe, não dá consultas, etc. Apenas chega, reverencia seus Babas e dança suas cantigas, nada mais.

Para o Candomblé, um Orixá/Nkise/Vodum, tem significado na própria palavra: ORI = CABEÇA AXÉ = FORÇA

ORIXA = CABEÇA DE FORÇA. Na verdade Orixa, Vodum, Nkise representam a mesma coisa, somente em línguas diferentes.

Orixá é um centro de força extraída da natureza e encaminhada para nosso caminho. É um Deus, uma luz.

Na Umbanda, os toques de atabaque são realizados com as mãos e são acompanhados por cantos em português. Ora, se nossas entidades falam o português, porque iremos chamá-las em outras línguas? Seria no mínimo, uma falta de respeito! O ponto cantado, nada mais é que uma oração cantada, devendo ser cantado com todo o respeito, sabendo o por que de cada palavra. São cantos de chamada, de reverência, de trabalho e de subida.

No Candomblé, os toques variam de acordo com a nação. Se for Ketu, os toques serão entoados com toques de varetas (Aguidavi), acompanhados por cantigas no dialeto Yorubá, língua daquelas divindades. Na nação Angola, o toque é realizado com as mãos, acompanhada por cantigas no dialeto Bantu. Na nação Jeje, os toques também são realizados com as mãos, e as cantigas são feitas em um de seus dialetos (Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.). São cantigas que fazem referencias aos itans, ou seja, lendas sobre os Orixás, Nkises e Voduns.

A Umbanda trabalha com 7 Orixás, os quais estão distribuídos na chamada 7 Linhas de Umbanda. São eles: Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Iansã, e Obaluaê/Omulú. Vale lembrar que na Umbanda não existe incorporação de Orixás, mas sim, de espíritos e falangeiros que trabalham na sua energia.

O Candomblé Ketu, reverencia no mínimo 16 Orixás, chegando alguns há 21 e até 72 Orixás. Na nação Jeje e na Angola, os Voduns e Nkises também passam de 20.

O Candomblé Ketu trabalha com as chamadas "qualidades" de Orixás, como por exemplo, Oxalá que possui as qualidades de Oxalufã (velho) e Oxaguiã (moço).

A Umbanda não possui qualidades de Orixás.

O Candomblé possui suas cores e interpretações para os Orixás. A Umbanda possui outras cores e interpretações.

Mediunidade na Umbanda é a manifestação dos espíritos, no Candomblé é a manifestação de uma energia "encantada". O Orixá que se manifesta no Iyaô durante a roda de Candomblé não é um espírito, trata-se apenas de uma vibração de seu Orixá.

No Candomblé os espíritos são chamados Eguns. Os Eguns tem um culto especifico chamado "Egungun", que é realizado em determinadas casas, onde eles são cultuados. Egun não participa dentro da roda de Candomblé, ele apenas é tido como um antepassado, ancestral, e por isso é respeitado.

O sacerdote de Umbanda é chamado de Pai de Santo, Pai de Terreiro, Cacique, ou simplesmente Dirigente.

O sacerdote de Candomblé é chamado de Babalorixá, alguns possuem o título de Babalaô. As mulheres são chamadas de Yalorixá. Só podem utilizar esses títulos que de fato teve iniciação no Candomblé e passou pelas raspagens, boris, etc.

O iniciado se torna Babalorixa ou Iyalorixa quanto ele completa 7 anos após ter sido iniciado dentro da religião, ou em casos específicos, onde a pessoa tem uma missão especial e a mando do próprio Orixá esse tempo é antecipado, mas mesmo assim, tem que ter passado pelo ritual da iniciação e ter pelo menos 01 ano dentro da religião.

O bori, significa EBO = OFERENDA ORI = ORISA RESPONSÁVEL PELA CABEÇA

Então, bori significa dar comida a orisa da cabeça.

A Umbanda não dá bori, pois não dá culto a ORI.

O jogo de buzios é prática do Candomblé, é o meio utilizado para se comunicar com os Orixás.

A Umbanda não possui fundamentos com Ifá, pois a comunicação se dá diretamente com os guias quando estão incorporados. Mesmo assim, é um oráculo largamente usado pelos umbandistas.

O Adjá é um instrumento sagrado usado no Candomblé para chamar o Orixá. Quem utiliza é o Baba ou a Iya e os cargos femininos da casa. Não existe fundamento para usar adjá na Umbanda, que possui seus próprios meios para invocar os seus Guias, como cantos e palmas.

No Candomblé não se usa pembas, nem pontos riscados.

O Exu do Candomblé não é o mesmo Exu que se manifesta na Umbanda. No Candomblé tem o Orixá Exu, que tem as mesmas qualidades de outro Orixá dentro do panteão, diferente da Umbanda , em que o Exu é tido como entidade da esquerda. O Exu é o mensageiro dos Orixás, mas ele não incorpora. Somente recebe as energias do Orixá Exu aquele que é feito para ele.

Erê no Candomblé é uma manifestação de um ser infantil, que representa um espírito puro. É uma espécie de porta voz, mensageiro do Orixá. É por meio do Erê que o Orixá manda seus recados ao Iyaô. Ele é representado por uma criança, para demonstrar a inocência.

Na Umbanda, Ibeje é uma entidade cujo simbolismo remete à pureza e à inocência.

Essas são apenas algumas das diferenças. Como se pode perceber, as duas possuem uma estrutura, organização e rituais completamente distintos. Por isso nós, Umbandistas, devemos zelar pela pureza de nossa fé, evitando a introdução de elementos que não condizem com nossa religião. Assim também, os Candomblecistas, devem pregar a pureza de seu culto, evitando a mesclagem indevida e o desvirtuamento do culto milenar.

Pesquisado por Ednay Melo


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