Como reinos da natureza, podemos citar os rios e cachoeiras, mares, formações rochosas, matas e camadas internas e externas do globo. À energia que vibra em cada um desses reinos dá-se o nome de Orixá, porém Orixá não é só isso, seu conceito vai muito além do que os nossos poucos sentidos podem alcançar. Existem Orixás que não têm reino específico, mas dominam determinados fenômenos e são marcados por determinados simbolismos, como Iansã que domina os ventos e as tempestades, e Ogum que domina os caminhos e percursos existentes sobre a terra, que representam o dinamismo natural da vida.
Nós, seres humanos, não temos maturidade espiritual, ainda, para definir Orixá, da mesma forma como não podemos definir Deus. O que os nossos poucos sentidos percebem é que Orixá é um ser imaterial, dotado da Essência Divina, que se propaga no planeta a fim de direcionar os seres da Criação. Orixá é Deus em nós, é Deus em toda natureza, é a oportunidade de encontrar Deus através da Sua Obra.
Na Umbanda, damos nomes aos Orixás através da mitologia africana.
A nível de Terreiro, nos referimos à Umbanda que praticamos na Tenda de Umbanda Luz e Caridade, consideramos sete Orixás como básicos: Iansã, Omulu, Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá e Oxossi. E por que sete? Porque existem centenas de Orixás e não podemos cultuar a todos, mas todos interagem entre si; o fato de cultuarmos sete não significa que os outros não atuem, eles se relacionam harmoniosamente entre si, tal como é toda a natureza Divina. Nas Giras de Umbanda, incorporamos os enviados dos Orixás ou Falangeiros, que são espíritos evoluídos que vêm nos trazer os axés dos Orixás os quais representam, geralmente não falam, porque a sua função não é falar e sim trazer o axé do Orixá, axé daquele reino que atuam. Quem tem a função de falar na Umbanda são os Guias espirituais, como são nossos Caboclos, Pretos Velhos e tantos outros que se aproximam mais particularmente do filho de fé para trazer sua palavra de conforto e muitos ensinamentos.
O ser humano, enquanto encarnado na terra, recebe influência de todos os Orixás, porém, apenas um casal o direciona em todas as encarnações, fazendo parte constante dos seus corpos sutis e influenciando diretamente a sua persona no meio onde vive, a estes damos o nome de Orixás Regentes do nosso Ori (cabeça) ou Orixás Ancestrais. Estes Orixás influenciam na personalidade dando características próprias e universais aos seus filhos. Dentre eles, o primeiro é o dominante e o denominamos de Orixá Regente. O segundo denominamos Co-regente, que influencia o filho em um segundo plano, não menos importante.
Geralmente, esses Orixás principais que nos regem formam um casal, isto é, o masculino e o feminino para respeitar a dualidade sexual da personalidade humana, constituída a partir de sua essência espiritual assexuada. O que isto quer dizer? Quer dizer que o espírito desencarnado não tem sexo, este é determinado no momento da sua encarnação. Daí pode-se encarnar em um corpo de homem ou de mulher, diante da necessidade do espírito. O inconsciente, que é a memória espiritual, guarda os registros das experiências do corpo masculino e feminino, desta forma, todo ser humano tem um lado feminino e um lado masculino, daí, justifica-se a atuação do casal de Orixás Regentes na coroa dos seus filhos, bom frisar que Orixá como energia não tem sexo, ele representa o arquétipo masculino ou feminino.
O sincretismo dos Orixás com os Santos Católicos se deu, inicialmente, pela necessidade dos escravos negros africanos burlarem as exigências dos seus senhores, no período da escravatura, que proibiam o culto aos seus Deuses Africanos (Orixás). Este sincretismo perdura até hoje, talvez pela necessidade do homem em ter sempre ao seu alcance uma referência material, ao alcance dos seus sentidos físicos.
Orixá é energia sublime em nós! O culto aos Orixás na Umbanda remete ao encontro do Eu Interior com o Eu Divino. As oferendas aos Orixás são um canal para a sintonia com essas Energias, porém, lembremos que mais eficaz do que o elo material das oferendas, é o elo espiritual do amor verdadeiro, da fé, da gratidão e do esforço constante na busca da perfeição moral, que nos aproxima, indubitavelmente, das Virtudes Divinas dos nossos Orixás.
Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo
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